quarta-feira

Ponto

Como um ponto vadio
preso a folha me espanto
com a brancura que me torna um

simples ponto, sem vírgula
Largado sem conto. Nada mais.
Nada menos. Uma pausa, se tanto.

Amargo, enquanto perdido num canto
me encolho negro,desesperado

e ponto. Pontuado numa página em branco.
Ali parado pontuo o nada

Sem a companhia das margens.

segunda-feira

Porque antes de um dilúvio
a primeira gota molha sempre minha porta?
o vitral embaçado reflete
cinza. opaco.

essa parte de ti que consome
parte de mim que é feita de concreto, asfalto e fuligem.

teu desespero sufoca.