quarta-feira

E por todo esse tempo que julguei caminhar disfarçado, na verdade estava nu.

segunda-feira

E no final,
uma meia desfiada sobre a cama silencia
a TV resmungando baixo seus lamentos
que as paredes não pareciam se importar

E eu, meia idade atrás flagro-me sentado
numa poltrona vadia e inquieta
enquanto percebo perplexo
meu velho e perdido nada-olhar

quarta-feira

desert I drive
while Muddy cries loud
his drunk guitar

the only road to nowhere
and point.

quinta-feira

Não há verso que te delineie
e, de pouco em pouco
morro assim
com um lápis à mão
na curva de teus lábios.

quarta-feira

Semi-vida.

Entre dentes
Amargura voraz que queima branda

Desolada
Ancora em mim tua esperança vazia
Sem vida. Fim.

sexta-feira

Sinto tanto um branco-ardor no peito
Paro. Diante da porta permaneço.
Na mesa, um estranho sentado para mim sorri.
Eletrifica. Eriça.

Permeio cada parte de um verso seco que engasga
Sufoca a gargalhada no ar ao meio dia.
Felicidade. Fel e cidade.

Morro um pouco a cada segundo, baby.

terça-feira

Posso sentir,
eu, como tua pele me viro, reviro
sinto o ardor da brasa quente
deslizar cega e lentamente me lacerar.
Risca, rabisca, enquanto vermelho sangro
[como me pediu num dia]
por ti.